sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

 Empresários evitam declarar apoio a ida de Josué para ministério de Dilma
     
 
 Líderes empresariais estão evitando encampar publicamente o nome do industrial Josué Gomes da Silva para o Ministério do Desenvolvimento, que ficará vago com a saída de Fernando Pimentel para a disputa do governo de Minas Gerais. Apesar de gostarem da opção, não querem se sentir devedores da presidente Dilma Rousseff.
A presidente aposta todas as fichas em Josué, dono da indústria têxtil Coteminas e filho do vice-presidente José Alencar, para quebrar a tensão com o setor produtivo. Segundo funcionários graduados do governo, se ele não aceitar, Dilma não tem um plano B no empresariado.
Nos últimos dias, o governo emitiu sinais de que gostaria que líderes dos empresários venham a público mostrar apoio a Josué. Procurada, a Fiesp (Federação das Industrias do Estado de São Paulo) preferiu não se manifestar. A CNI (Confederação Nacional da Indústria) informou que seu presidente, Robson Andrade, está em férias.
Segundo a Folha apurou, a cautela deles e de outros nomes fortes do empresariado tem dois motivos: não constranger Josué a aceitar o cargo; e não transformar a indicação do dono da Coteminas num pleito da indústria.
Críticos do governo Dilma, eles não querem passar a impressão de que estariam colocando seu representante no Ministério, o que poderia enfraquecê-los em futuras divergências com o Planalto. A empresários que o procuraram para manifestar apoio, Josué disse que, por enquanto, trata-se "de especulações". À Folha, ele também afirmou que não comentaria "especulações".


Zanone Fraissat - 21.nov.2013/Folhapress
Josué Gomes da Silva, empresário e filho de Jose Alencar, durante entrevista
Josué Gomes da Silva, empresário e filho de Jose Alencar, durante entrevista
Dentro do Planalto, a possibilidade de Josué assumir a pasta do Desenvolvimento é tratada como estratégica para melhorar o relacionamento com o setor produtivo. O entorno da presidente sabe que, para os empresários, o governo é fechado, comunica-se mal e ignora suas queixas. O dono da Coteminas seria a solução para diminuir essa distância.
A visão do empresariado em relação a Josué, no entanto, não é uniforme. Para os industriais, o filho de José Alencar seria um potencial defensor de bandeiras tradicionais do setor como câmbio desvalorizado, juros baixos e medidas de defesa comercial contra produtos estrangeiros. Esse não é o perfil ideal para setor financeiro, que implica com qualquer coisa que lembre interferência do governo no mercado.
DILEMA
A decisão de Josué não é fácil. Ele se filiou recentemente ao PMDB para candidatar-se a um posto eletivo, preferencialmente senador por Minas Gerais, seguindo os passos do pai.
Sua candidatura ao Senado é bem vista por parte do PT, que ganharia o apoio de um nome de peso na coligação mineira. O problema é a concorrência do atual governador, Antonio Anastasia, que pretende concorrer à mesma vaga pelo PSDB e é bem avaliado pela população. Outra opção seria ser vice na chapa de Pimentel.
Se Josué resolver se candidatar em vez de ser ministro, aumentam as chances de escolha de um técnico para a pasta do Desenvolvimento, situação que Dilma gostaria de evitar. Um dos cotados é Mauro Borges, presidente da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), sugerido por Pimentel.

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