sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Às margens do Amazonas, mas sem água potável, Macapá desafia candidatos

Karina Cardoso
Enviada Especial


Macapá (AP) - Banhada pelo Amazonas, o rio com maior volume de água do mundo, Macapá não aproveita esse potencial. Quatro de cada dez pessoas não têm acesso à água potável, segundo a Companhia de Água e Esgoto do Amapá (Caesa). O problema é ainda mais grave em relação ao saneamento básico. Apenas quatro de cada cem pessoas têm acesso à rede de esgoto na capital do Amapá.

Na cidade, muitos bairros surgiram por meio de ocupações. Parte deles estão localizados ao longo do Rio Amazonas. Em algumas áreas periféricas, é possível ver grande quantidade de palafitas, casas improvisadas em cima dos mananciais. O pesquisador e professor universitário em Direito Tributário e Ambiental, Paulo Mendes, lembrou que essa condição causa danos ao meio ambiente.

"É prejudicial ambientalmente, pois são áreas que foram aterradas para a ocupação humana. Não há esgoto, não há tratamento sanitário. São áreas em que o poder público não aparece, ou aparece muito pouco. E a população, sem informação e sem o apoio do Estado, acaba praticando ações que vão danificar o meio ambiente", disse o professor.

Para o taxista Paulo Ronaldo Amorim, que nasceu em Macapá há 33 anos, o problema da cidade está na falta de infra-estrutura. "Não temos uma infra-estrutura para suportar toda essa população que está vindo de fora. As pessoas estão construindo suas casas dentro dos mananciais, nos lagos. E infelizmente as autoridades competentes nada têm feitos para melhorar significativamente essa infra-estrutura."

Como ocorre na maioria das cidades brasileiras, a população de Macapá reclama da deficiência na área da saúde. Na capital amapaense, apenas um pronto-socorro funciona 24 horas para atender a população de 344 mil pessoas. Os postos de saúde localizados em grande parte dos bairros nem sempre estão em funcionamento.

Enquanto aguarda o atendimento médico, Valdilene Albuquerque da Silva, grávida de cinco meses, reclamou da saúde pública. "É um posto pra sete ou oito bairros. Se a gente precisar de um socorro rápido a gente tem que ir para o único pronto-socorro daqui. São pucos profissionais, como é que vão dar conta? A nossa saúde é a coisa melhor que a gente tem. Quem tem saúde corre atrás do resto", disse.

Os sete candidatos à prefeitura de Macapá prometem investimentos na saúde, com a criação de hospitais e contratação de novos médicos. Melhorias na educação também fazem parte das principais propostas dos políticos.

De acordo com o site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) os candidatros registrados são Roberto Góes (PDT), Camilo Capiberibe (PSB), Fátima Lúcia Pelaes (PMDB, Joiville Dantas Frota (PSTU), Luiz (Lucas) Cantuária Barreto (PTB), Maria Dalva (Professora Dalva) de Souza Figueiredo (PT) e Moises Reategui de Souza (PSC).

Para o primeiro secretário do Conselho das Comunidades Afrodescendentes, Adenor Souza, o futuro prefeito precisa dar mais atenção às políticas públicas voltadas para as populações quilombolas e indígenas, que vivem nas zonas rural e urbana de Macapá.

"Essas políticas públicas nunca chegam às nossas comunidades. Nós vemos aqui que não só as nossas comunidades quilombolas, mas também aos nossos irmãos índios são ignorados. A gente vê muita propaganda, mas não vê nada acontecer", disse Souza.

O clima das eleições no município é de tranqüilidade. No próximo dia 5 de outubro, mais de 219 mil pessoas vão votar em 115 diferentes locais na capital amapaense.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Saneamento Básico

Saneamento é o conjunto de medidas, visando a preservar ou modificar as condições do meio ambiente com a finalidade de prevenir doenças e promover a saúde.

Saneamento básico se restringe ao abastecimento de água e disposição de esgotos, mas há quem inclua o lixo nesta categoria.

Outras atividades de saneamento são: controle de animais e insetos, saneamento de alimentos, escolas, locais de trabalho e de lazer e habitações.

Normalmente qualquer atividade de saneamento tem os seguintes objetivos: controle e prevenção de doenças, melhoria da qualidade de vida da população, melhorar a produtividade do indivíduo e facilitar a atividade econômica.

Abastecimento de água

A água própria para o consumo humano chama-se água potável. Para ser considerada como tal ela deve obedecer a padrões de potabilidade. Se ela tem substâncias que modificam estes padrões ela é considerada poluída. As substâncias que indicam poluição por matéria orgânica são: compostos nitrogenados, oxigênio consumido e cloretos.

Para o abastecimento de água, a melhor saída é a solução coletiva, excetuando-se comunidades rurais muito afastadas. As partes do Sistema Público de Água são:

Manancial
Captação
Adução
Tratamento
Reservação
Reservatório de montante ou de jusante
Distribuição

As redes de abastecimento funcionam sob o princípio dos vasos comunicantes.

A água necessita de tratamento para se adequar ao consumo. Mas todos os métodos têm suas limitações, por isso não é possível tratar água de esgoto para torná-la potável. Os métodos vão desde a simples fervura até correção de dureza e corrosão. As estações de tratamento se utilizam de várias fases de decantação e filtração, além de cloração.

Sistema de esgotos

Despejos são compostos de materiais rejeitados ou eliminados devido à atividade normal de uma comunidade.

O sistema de esgotos existe para afastar a possibilidade de contato de despejos, esgoto e dejetos humanos com a população, águas de abastecimento, vetores de doenças e alimentos. O sistema de esgotos ajuda a reduzir despesas com o tratamento tanto da água de abastecimento quanto das doenças provocadas pelo contato humano com os dejetos, além de controlar a poluição das praias. O esgoto (também chamado de águas servidas) pode ser de vários tipos: sanitário (água usada para fins higiênicos e industriais), sépticos (em fase de putrefação), pluviais (águas pluviais), combinado (sanitário + pluvial), cru (sem tratamento), fresco (recente, ainda com oxigênio livre).

Existem soluções para a retirada do esgoto e dos dejetos, havendo ou não água encanada.

Existem três tipos de sistemas de esgotos :

sistema unitário: é a coleta do esgotos pluviais, domésticos e industriais em um único coletor. Tem custo de implantação elevado, assim como o tratamento também é caro.
sistema separador: o esgoto doméstico e industrial ficam separados do esgoto pluvial. É o usado no Brasil. O custo de implantação é menor, pois as águas pluviais não são tão prejudiciais quanto o esgoto doméstico, que tem prioridade por necessitar tratamento. Assim como o esgoto industrial nem sempre pode se juntar ao esgoto sanitário sem tratamento especial prévio.
sistema misto: a rede recebe o esgoto sanitário e uma parte de águas pluviais.

A contribuição domiciliar para o esgoto está diretamente relacionada com o consumo de água.
As diferenças entre água e esgoto é a quantidade de microorganismos no último, que é tremendamente maior. O esgoto não precisa ser tratado, depende das condições locais, desde que estas permitam a oxidação. Quando isso não é possível, ele é tratado em uma Estação de Tratamento. Também existe o processo das lagoas de oxidação.

Disposição do Lixo

O lixo é o conjunto de resíduos sólidos resultantes da atividade humana. Ele é constituído de substâncias putrescíveis, combustíveis e incombustíveis. O problema do lixo tem objetivo comum a outras medidas, mais uma de ordem psicológica: o efeito da limpeza da comunidade sobre o povo. O lixo tem que ser bem acondicionado para facilitar sua remoção. Às vezes, a parte orgânica do lixo é triturada e jogada na rede de esgoto. Se isso facilita a remoção do lixo e sua possível coleta seletiva, também representa mais uma carga para o sistema de esgotos. Enquanto a parte inorgânica do lixo vai para a possível reciclagem, a orgânica pode ir para a alimentação dos porcos.

O sistema de coleta tem que ter periodicidade regular, intervalos curtos, e a coleta noturna ainda é a melhor, apesar dos ruídos.

O lixo pode ser lançado em rios, mares ou a céu aberto, enterrado, ir para um aterro sanitário (o mais indicado) ou incinerado. Também pode ter suas graxas e gorduras recuperadas, ser fermentado ou passar pelo processo Indore.

Doenças causadas pela falta de saneamento básico

Existem mais de 100 doenças, entre as quais cólera, amebíase, vários tipos de diarréia, peste bubônica, lepra, meningite, pólio, herpes, sarampo, hepatite, febre amarela, gripe, malária, leptospirose, Ebola, etc.

Os custos dos tratamentos variam desde R$ 3,16 (rubéola e sarampo sem complicações) até R$ 154,03 (Leishmaniose).
Municípios com abastecimento de água Volume de água distribuída por dia (em m3) Municípios com controle de qualidade na água tratada Municípios sem água tratada
Brasil 4425 27863940 3038 1905
SP 572 8152008 466 81
Número de estações de tratamento de água Lixo coletado e lixo reciclado (ton/dia) Distritos com usinas de reciclagem Projetos de coleta seletiva
Brasil 2545 241614 e 2104 50 4500
SP 320 24500 e 725 16 651

Para saber mais:

MARTINS, Getúlio. Benefícios e custos do Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário em pequenas comunidades. Dissertação de mestrado da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. SP: 1995.
CARVALHO, Benjamim de. Glossário de Saneamento e Ecologia. Editado por Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental. Rio de Janeiro:1981.
IBGE. Pesquisa Nacional de Saneamento Básico - 1989. Rio de Janeiro: 1992
Manual de Saneamento. Fundação Serviços de Saúde Pública. Ministério da Saúde, 2ª edição. Rio de Janeiro: 1981.

Fontes:

Sabesp - assessoria de imprensa (Sílvio) 3030-4387
Biblioteca da Sabesp- Rua Padre João Manuel, 755.

Tópicos relacionados:
• Histórico do Desenvolvimento Sustentável
• Conceito de Desenvolvimento Sustentável
• Transportes
• Saneamento Básico